domingo, 24 de novembro de 2013

Pressentimento

I
A janela
(aparentemente)
petrifica
a paisagem
que nos observa

I
I
O poema passa pela
necessidade
de fazer as palavras
voarem em plenitude
ao peito imponderável
que faz a falta de sentido
existir

III
O corte da água
da chuva
rasga o (momento) presente
sobre o telhado

IV
É como se a chuva
comunicasse em silêncio
que a movimentação das águas
faz lembranças de noites inabitáveis
brotarem como sangue quente
num corpo que pulsa
por desejo

V
barulho
significação
embrulho
transformação


VI
esse paraíso de palavras
que sem avisar
mapeia meu peito
e grita

VII

passar pela vida sem falar de amor
é como pregar o olho na janela
e não perceber
a beleza silenciosa
que ali acontece

depois que o amado se vai
dor e desvario
na cabeça
fazem morada

o ponteiro da existência
quer andar pra trás
contam-se os dias
em regresso
onde a paz
                                              mesmo que num instante
arquitetou maravilhas

o esconderijo do desejo
é o silêncio

VIII
é capaz que todas as coisas
que o sentido não é capaz
de significar
permaneçam flutuando
nesse doce permitir
que se chama sonhar


passei o tempo
a medir
que o existido
(só faz sentido)
se o futuro permitir

IX
o efeito da saudade
se regenera
quando a fotografia
invade o que o presente
não pode mais fornecer

letras de música
se misturam ao arrepio do corpo
num mosaico de memórias dolorosas
que as vistas querem revisitar

X
quem parte
leva tudo de nós
consigo

e é como se a parte que se foi
não mais pudesse ser recomposta
a não ser pelo vento
das mãos ausentes

XI
Num quase sorriso
ela alisa o porta-retratos
e imagina estar
no instante colorido
que a fotografia a força estar




XII
a sinfonia de silêncios
do morto
nunca cessa

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