É difícil falar sobre a morte de si mesmo.
Falo de si porque meu pai constituiu a essência
do que me compõe como ser humano
apoiado também
pelas mãos de minha mãe.
Posso dizer que morri ali com ele também
no dia 27 de janeiro de 2013
às 23h50
quando seu cérebro se tornou nada mais
que um campo vazio
sem ideias
e sem sangue
para ser habitado apenas pelo
silêncio das flores
da morte.
Aguardo agora
ansiosamente
uma resposta ao inexplicável.
Aos 52 anos
forte como um tigre
uma veia que se rompe
o tira subitamente
do meio de nós.
Enquanto isso
quem entra num bar e mata 15 pessoas
passeia livremente no mundo
no mesmo chão que nós
que
inutilmente
tentamos seguir
"no caminho do bem"
Se Deus existe
vai precisar de uma justificativa que decifre este enigma
que nos assombra.
Aqui, neste mundo
- esta navalha que parece cortar apenas
para o lado dos inocentes
e perseverantes -
tento escorar meu pranto
nas casas
que meu pai construiu
literalmente.
Pedreiro exímio
ele está aqui
em cada bloco
cada partícula de cimento
que utilizou para erguer
não só a minha
mas casas de diversas pessoas
que sequer conheceram
o tamanho de seu coração.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
sábado, 12 de janeiro de 2013
Fuga de si
Corre para o nada
para fugir
- de si mesmo
Não sabe que
não se pode
estar noutro lugar
se não nesse corpo
oco
de solidao e abismo
que o sustenta.
para fugir
- de si mesmo
Não sabe que
não se pode
estar noutro lugar
se não nesse corpo
oco
de solidao e abismo
que o sustenta.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Fragmentos
Não consigo voltar os olhos para mim
apenas para o mundo.
Sou o estímulo que recebo
de fora.
E isso muda
o que há por dentro.
No que consiste o instante?
Em que esperança guardei o beijo
da tua volta?
O olho que filtra
o momento
da dolorosa decisão.
O seu caminho não tem volta,
pois hesitou
em dar o primeiro
passo.
E o motivo desse pulsar
expulsar o passado
tragar o presente
e urinar o futuro
Essa não é a velocidade
que eu queria.
Mal penso em pensar e
noite já virou dia.
apenas para o mundo.
Sou o estímulo que recebo
de fora.
E isso muda
o que há por dentro.
No que consiste o instante?
Em que esperança guardei o beijo
da tua volta?
O olho que filtra
o momento
da dolorosa decisão.
O seu caminho não tem volta,
pois hesitou
em dar o primeiro
passo.
E o motivo desse pulsar
expulsar o passado
tragar o presente
e urinar o futuro
Essa não é a velocidade
que eu queria.
Mal penso em pensar e
noite já virou dia.
Fade out
Como um outro
que em mim habita
sinto-me estranho
no meu próprio
corpo
Sinto minha identidade
se perder
nas imagens que minhas vistas
recebem
É estranho estar preso
dentro deste corpo
que embora me constitua
muitas vezes
não o reconheço
que em mim habita
sinto-me estranho
no meu próprio
corpo
Sinto minha identidade
se perder
nas imagens que minhas vistas
recebem
É estranho estar preso
dentro deste corpo
que embora me constitua
muitas vezes
não o reconheço
A sina do ano
Em 31 de dezembro
meia noite
a cachoeira de
luzes coloridas
enchem o céu
de festa
e esperança
em todo o planeta
Janeiro
o primeiro
Fevereiro
Alegre e sorrateiro
Março
a realidade
Abril
da saudade
Junho
de festa
Julho
de encontros
Agosto
de reinício
Setembro
de abraços
Outubro
de encantamento
Novembro
de vazios
Dezembro
de eternidade
meia noite
a cachoeira de
luzes coloridas
enchem o céu
de festa
e esperança
em todo o planeta
Janeiro
o primeiro
Fevereiro
Alegre e sorrateiro
Março
a realidade
Abril
da saudade
Junho
de festa
Julho
de encontros
Agosto
de reinício
Setembro
de abraços
Outubro
de encantamento
Novembro
de vazios
Dezembro
de eternidade
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