sábado, 27 de outubro de 2012
O sono do gatinho
à minha esquerda
na minha cama
o gato malhado
é olho virado
num lapso rápido
sua perna-pata tremeu
de certo
se esqueceu
que não pode fugir
da água
que o pesadelo lhe deu
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Fala no Silêncio
E o não dito
abre o atrito
onde a chaga é dúvida
no farol castanho
dos seus olhos
de açúcar
abre o atrito
onde a chaga é dúvida
no farol castanho
dos seus olhos
de açúcar
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
A desintegração da lesma
eu sigo
devagar
entre o verde do
lodo
e a vertigem
dos restos
minha lenta
caminhada
de duas horas até o olho
do homem
fez meu corpo
se dissolver rapidamente
pois ele
com nojo da forma que não escolhi ter
me sentenciou com a morte
numa rajada
de sal
que queima
como o sol
domingo, 14 de outubro de 2012
Fico voltando
Você percebe que quer ficar
quando se dá conta que as despedidas
se tornam presságios de novos começos
ao percorrer de quatro horas de conversa
quando se dá conta que as despedidas
se tornam presságios de novos começos
ao percorrer de quatro horas de conversa
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Cena de trem
Depois de receber
uma sentença
qualquer
e definitiva
por meio de um sms no celular
O terreno marrom de pele
daquele rosto sofrido
foi marcado por
c - a - m - i -n - h - o - s
abertos por torrentes
raivosas
de um rio
cuja água se totaliza em única gota
que
c
a
i
u
pesada e quente
como cera de vela
dos olhos negros de pedra
e agora
silêncio
uma sentença
qualquer
e definitiva
por meio de um sms no celular
O terreno marrom de pele
daquele rosto sofrido
foi marcado por
c - a - m - i -n - h - o - s
abertos por torrentes
raivosas
de um rio
cuja água se totaliza em única gota
que
c
a
i
u
pesada e quente
como cera de vela
dos olhos negros de pedra
e agora
silêncio
sábado, 6 de outubro de 2012
Sôfrego paulista
Não é para
é pare
Pare com isso
de verdade
é verdade
Abre o erre
põe a língua no dente de cima
pra tentar chegar perto
da sonoridade das palavras
que
s a e m
gostosas
como acordes de dissonantes de Macalé
de sua boca
pincelada de batom vermelho
no deserto de suas unhas
que temperavam minhas ideias com carinhos em minha cabeça
fui tragado por olhos castanhos
vivos
e quentes como brasa
o conflito é linguístico
e de línguas
é pare
Pare com isso
de verdade
é verdade
Abre o erre
põe a língua no dente de cima
pra tentar chegar perto
da sonoridade das palavras
que
s a e m
gostosas
como acordes de dissonantes de Macalé
de sua boca
pincelada de batom vermelho
no deserto de suas unhas
que temperavam minhas ideias com carinhos em minha cabeça
fui tragado por olhos castanhos
vivos
e quentes como brasa
o conflito é linguístico
e de línguas
O destino do morto
Dentro de um cemitério
a árvore pendura mangas rosas e suculentas
em seus dedos
e alimenta a festa dos passarinhos
Contradição incontestável da existência
pelas vidas que ali cintilam
Isso porque
as mangas
tiveram sua árvore adubada
por vidas de pequenos seres
que nasceram
do ventre de ossos
manchados de morte
a árvore pendura mangas rosas e suculentas
em seus dedos
e alimenta a festa dos passarinhos
Contradição incontestável da existência
pelas vidas que ali cintilam
Isso porque
as mangas
tiveram sua árvore adubada
por vidas de pequenos seres
que nasceram
do ventre de ossos
manchados de morte
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