segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Apocalipse sereno

Os gritos das folhas silenciaram a garganta rouca de pedra do galo. Neste dia, havia um estranho sopro de desgraça que vinha anunciado nas cusparadas do vento.

Perto do momento em que o sol, supostamente, tomaria o seu posto de dono do céu, vê-se por trás dele, uma linha lilás em degradê para o preto. As cores do céu são indecifráveis.

Ninguém sabia, mas ali se elaborava o dia (que também era noite) em que o universo trocava sua pele de cobra.

O branco das nuvens deu lugar a volumosos amarelos disformes. O azul, que era o rei do espaço, se tornara  em um denso marrom terroso, de modo que tinha-se a impressão de que seria possível cair para cima a qualquer instante.  

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