O meu corpo
ofertado ao tempo
- sem o meu consentimento -
muda
Muda como a transição
das estações
voltando sempre outro
que não o mesmo
volta sempre novo
no outro.
domingo, 24 de março de 2013
A chuva de filhos.
A madeira
quando faz
amor
com o fogo
fabrica a sua
própria chuva
E na afirmação de seu sexo
chove pra cima
devolvendo filhos de brasa
para o céu.
quando faz
amor
com o fogo
fabrica a sua
própria chuva
E na afirmação de seu sexo
chove pra cima
devolvendo filhos de brasa
para o céu.
A gota enviada
Uma gota que cai ferozmente do céu
como se fosse predestinada
invade o seu olho e te acorda.
É a natureza te chamando.
A gota rascunhou
a lágrima
que meu olho
quis chorar
e não conseguiu.
Choro agora, de mentirinha.
como se fosse predestinada
invade o seu olho e te acorda.
É a natureza te chamando.
A gota rascunhou
a lágrima
que meu olho
quis chorar
e não conseguiu.
Choro agora, de mentirinha.
terça-feira, 12 de março de 2013
O que se vê numa fotografia
na foto
o pai
orgulhoso
segura o filho nos braços
como se fosse um troféu
"a vida quando quer bater, não alisa"
sexta-feira, 1 de março de 2013
Trilogia do desespero
I
E então se esgota
aquilo que nunca teve início
a sede do precipício
de um beijo derramado em chamas
nas águas
que azuis
transbordam quentes
e tristes
na lagoa
de
sua saliva
II
C(l)aras são essas horas
em que no bando me acanho
e no meu canto
me reconheço
III
Aporrinha a dor
no amor
que em vão
tentei buscar
é o presságio do inferno
que não são os outros
e sim, eu mesmo
é sim
assim
só assim
sou assim
sozinho
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